JESUS MORREU POR TODOS?
O SACRIFICIO DE CRISTO FOI SÓ PARA MUITOS OU TODOS?
UM EXAME DA DOUTRINA DE EXPIAÇÃO PARCIAL
O SACRIFICIO DE CRISTO FOI SÓ PARA MUITOS OU TODOS?
UM EXAME DA DOUTRINA DE EXPIAÇÃO PARCIAL
Muitos irmãos acreditam na doutrina de expiação parcial, isto é, que o
sacrifício de Jesus na cruz foi feito somente pelos eleitos. Outros bons irmãos
aceitam a doutrina de expiação para todos os homens. Há séculos os cristãos
debatem este tema, com fanáticos nos dois lados da questão. É lastimável que a
verdade mais importante na Bíblia, a morte de Jesus como o Cordeiro de Deus,
tem dividido os próprios crentes. Devemos estudar este assunto como qualquer
outro na Bíblia, considerando todas as passagens relevantes. Não devemos deixar
nossa teologia interpretar a Bíblia para nós, porque a própria Bíblia deve
determinar a nossa teologia! A questão é simples: Cristo fez alguma provisão
para aqueles que não são eleitos?
Para simplificar o assunto, os que crêem na doutrina de expiação parcial
são chamados calvinistas e os que crêem que Jesus morreu por todos são chamados
arminianos. Porém nos dois grupos há varias diferenças de interpretação deste
assunto. Nestes dois grupos há muitas divergências sobre varias outras
doutrinas. Alguns calvinistas têm desenvolvido um certo padrão doutrinário que
consiste em cinco doutrinas associadas chamadas por eles mesmos de ”doutrinas
da graça”. Este “arranjo” doutrinário não era conhecido antes da reforma
protestante; não fazia parte das antigas confissões de fé. No meio de alguns
calvinistas, o irmão que não crê em todos os cinco pontos, ou define um dos
pontos diferentemente, é taxado de arminiano injustamente. Ele é acusado de não
crer na salvação pela graça! Também o irmão que crê nos cinco pontos é acusado
de fatalista ou é chamado de “casca-grossa” no meio dos outros e isto é também
injusto.
Os batistas históricos não precisam ser chamados nem de calvinistas e
nem de arminianos. Não querem ser chamados de calvinistas pela associação com o
nome do fundador da Igreja Presbiteriana, João Calvino, um perseguidor dos
anabatistas da sua época. Também não querem ser chamados de arminianos porque
não crêem nas doutrinas de Jacobus Arminius, um teólogo holandês que lutou
contra as idéias calvinistas. Ambos estes líderes Protestantes eram defensores
da união do Estado com as igrejas! Eram
inimigos dos Batistas da sua época! É errado exigir um irmão escolher entre
Calvino e Arminius e suas respectivas posições doutrinárias porque os dois eram
inimigos das igrejas verdadeiras da sua época.
Neste estudo, vamos considerar somente um dos cinco pontos dos calvinistas:
a doutrina de expiação parcial. Alguns batistas fiéis aceitam este ensino mas
outros não. Vamos examinar, primeiramente, algumas passagens bíblicas usadas
pelos calvinistas para defender essa tese.
PASSAGENS QUE FALAM DE EXPIAÇÃO PARCIAL
Mt. 1:21: “E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque ele
salvará o seu povo dos seus pecados”. Neste caso, “seu povo” significa os
eleitos, os verdadeiros crentes em Jesus.
Mt. 20:28: “Bem como o filho do homem não veio para ser servido, mas
para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos”. A conclusão do
calvinista é que Jesus deu a sua vida somente para muitos, isto é, somente para
os eleitos.
Mt. 26:28: “Porque isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que
é derramado por muitos, para remissão dos pecados”. Dizem que Jesus derramou
seu sangue somente para muitos, não todos.
João 10:15: Jesus disse: “...dou a minha vida pelas ovelhas”. Dizem que
Jesus só morreu para as ovelhas, quer dizer, só para os eleitos.
Atos 20:28: “Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o
Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que
ele resgatou com seu próprio sangue”. Este versículo requer mais estudo depois,
mas será que Jesus morreu só para a sua igreja?
Efésios 5:25: “Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo
amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela”.
Hebreus 9:28: “Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os
pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para
salvação”. Os calvinistas dizem que Cristo somente tira os pecados dos eleitos.
João 15:13: “Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua
vida pelos seus amigos”. Seus amigos aqui são os eleitos, portanto Cristo deu
sua vida somente por eles.
Estes versículos parecem defender a idéia calvinista de que Cristo só
morreu por uma classe de gente identificada por várias palavras, tais como a
igreja, rebanho, ou seus amigos, etc. Será que é assim? Quem defende a expiação
limitada aos eleitos usa vários argumentos, portanto é bom examiná-los
cuidadosamente.
OS ARGUMENTOS EM FAVOR DO SACRIFICIO LIMITADO
A Bíblia disse que Cristo morreu por um grupo específico. Eles são
chamados de: suas ovelhas em João 10:11-15; sua igreja em Atos. 20:28 e Efésios
5:25-27; seu povo em Mateus 1:21; e seus eleitos em Romanos 8:32-35.
Já que os eleitos foram escolhidos desde antes da fundação do mundo,
Efésios 1, Cristo não podia ter morrido por todos os seres-humanos. Seria uma
perda e falta de previsão da parte de Deus deixar Jesus morrer pelos que não
foram escolhidos.
Alguns dizem que Cristo seria um fracasso ou um derrotado se morresse
por todos, sem que todos sejam salvos.
Alguns dizem que Deus não seria justo se deixasse uma pessoa ir para o
inferno se Cristo realmente pagasse seus pecados. O condenado não devia pagar o
que já foi pago. O tribunal não deixa um réu sofrer duas vezes pelo mesmo
crime. Por que o pecador pagaria seus próprios pecados se a expiação fosse
feita para ele?
Cristo não orou por todos em João 17, mas somente pelos seus escolhidos.
Isto é porque ele não morreu por todos. Já que a intercessão é limitada, também
foi limitada a expiação.
Alguns crêem que a expiação sem limites tende a nos levar à doutrina do
universalismo, isto é, que todos serão salvos.
A doutrina da expiação limitada foi ensinada antigamente por Agostinho e
depois na Idade Média por alguns eruditos, tais como Prosper de Aquitaine, Tomé
Bradwardine, e João Staupitz. Alguns dizem que João Calvino não ensinou
explicitamente esta doutrina, mas parece que de qualquer modo ele concordou com
a idéia em alguns dos seus escritos. E seus sucessores colocaram esta doutrina
na Confissão dos reformadores e depois na Confissão de Fé chamada “Westminster”.
Mesmo que a Bíblia use termos como “todos” e “mundo” a respeito da
salvação daqueles por quem Jesus morreu, como, por exemplo, João 3:16, as
palavras se referem aos eleitos somente. “Todos” quer dizer todas as classes,
sem distinção entre judeu e gentio. “Mundo” significa os eleitos no mundo. “Todo
aquele” é interpretado ”todo aquele eleito”. Assim os calvinistas crêem que
Jesus morreu somente pelos eleitos.
Eles são obrigados a “explicar”, de uma forma complicada, o uso de
palavras simples da Bíblia para sustentar sua tese. Isto é contra o bom senso e
o uso normal da língua. Em vez de aceitar o sentido natural da palavra, o que é
evidente, aceita uma explicação mais complicada e menos provável. Por esta
razão muitos deles usam a lógica e argumentos complicados para evitar o que é
simples!
NOTEMOS OS ERROS DESTES ARGUMENTOS
Vamos examinar algumas das passagens que sustentam a doutrina de
expiação sem limites: Esta posição é Bíblica e há muitas passagens que
sustentam esta interpretação sem usar explicações complexas.
Lucas 19:10 “Porque o Filho do
homem veio buscar e salvar o que se havia perdido”. Vamos perguntar, “Quem é
perdido, é a humanidade inteira, em sua totalidade, ou só os eleitos”? Todos os
homens estão perdidos. A mais natural interpretação é que Jesus veio buscar e
salvar todos os perdidos. Não diz que todos serão salvos. Se Jesus veio só para
os eleitos, então os outros no mundo não são perdidos! Logo se os não
escolhidos não são perdidos, então não há necessidade da sua salvação. Neste
caso os eleitos seriam os únicos perdidos, e os outros que não vão aceitar a
palavra não seriam perdidos! Que doutrina estranha!
João 1:29 “Eis o Cordeiro de
Deus, que tira o pecado do mundo”. O que
quer dizer “mundo” neste versículo? Será que é o “mundo dos eleitos”? Não. É a
raça humana no seu estado caído e separado de Deus. Até João Calvino pregava que nesta passagem o
mundo é a raça inteira, e não somente os eleitos! A expiação é suficiente para tirar o pecado
de todos os perdidos no mundo. Jesus é o Cordeiro ou sacrifício para o mundo
inteiro. Não há necessidade ou justificação colocar as palavras “dos eleitos”
neste versículo. Jesus é o Cordeiro de todos os pecadores.
João 3:16 “Porque Deus amou o
mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que
nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. É importante observar que este
versículo não pode ser separado do contexto nos vs. 14 e 15. Jesus cita o caso
em Números 21, onde Moisés levantou uma serpente feita de bronze no campo de
Israel para que todo aquele que olhasse para ela seria curado fisicamente de
sua picada. Jesus faz uma comparação espiritual entre este incidente e a
salvação do pecador. Qualquer pessoa picada pela serpente podia olhar para a
serpente de bronze e ser curada. Qualquer pecador que olhar para Jesus será
salvo eternamente. Seu sacrifício foi suficiente para todos picados pela
serpente, isto é, todos os pecadores. Se um pecador não se salva, a culpa é
dele e não por falta do remédio. Não havia limite. Quem olhasse seria curado,
pois a morte de Jesus é suficiente para todos, mas eficiente somente para
aquele que olhar para Ele.
João 4:42 “E diziam à mulher: Já
não é pelo teu dito que nós cremos; porque nós mesmos o temos ouvido, e sabemos
que este é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo”. Será que a mulher e
os Samaritanos pensavam que Jesus é “O
Salvador do mundo dos escolhidos”?
I Tm. 4:10 “Pois esperamos no Deus vivo, que é o Salvador de todos os
homens, principalmente dos fiéis”. Isto é uma clara distinção entre todos os
homens e os que crêem. O Salvador fez algo para todos os homens, mesmo que não
sejam os eleitos. Há provisão para todos os humanos, mas esta provisão é
somente eficiente para os crentes.
Hebreus 2:9 “Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que
fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para
que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos”. A palavra “todos” em
grego (pantos) é mais bem traduzida “cada” e não “todos”, que seria outra
palavra (panton). Por que Deus usou pantos (cada um) e não panton (todos)? Porque o singular enfatiza mais a morte de
Jesus por cada indivíduo. Cristo morreu por cada indivíduo.
Rm. 5:6 “Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo
pelos ímpios”. Não disse aqui que Cristo morreu pelos eleitos
no meio de outros ímpios, ou por alguns ímpios. Se alguém é ímpio, então Cristo
morreu por ele. Se não morreu por todos, então os não eleitos não podem ser
considerados ímpios. Se fosse assim, somente os eleitos seriam ímpios!
Rm. 5:18 “Pois assim como por
uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também
por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação
de vida”. Se a ofensa veio sobre todos, então a graça veio sobre todos também.
Nós não temos direito de mudar o sentido da palavra para acomodar um ponto do
calvinismo. Se Cristo não morreu por todos os homens, então nem todos os homens
são condenados. Se a graça não veio sobre todos os homens, então havia homens
que nunca foram condenados. Mas justamente é isto que alguns calvinistas crêem,
isto é, que na realidade o escolhido NUNCA FOI PERDIDO! Isto cria mais um
problema para alguns calvinistas. Se o eleito nunca foi perdido, por que Jesus
viria para buscá-lo e salvá-lo! (Lucas 19:10). A verdade é que Cristo sofreu
por todos os homens, mas nem todos recebem a salvação que ele efetuou. A graça
veio sobre todos porque todos são condenados, mas somente os que crêem em Jesus
são justificados.
II Co. 5:14-15 “Porque o amor de
Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo
todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais
para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou”. Se
todos os homens estão mortos nos seus pecados e ofensas, então Jesus morreu por
todos os homens. “Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”, Ro. 3:23. Todos os homens eleitos ou todos os
homens? Podemos ler, “Todos os eleitos
pecaram e destituídos estão da glória de Deus”? Se todos os homens não fossem mortos,
Jesus não teria morrido “por todos” mas sim, só para os eleitos. Neste caso os
eleitos seriam os únicos mortos espirituais! Se somente os eleitos são mortos
espirituais, então os não eleitos não são perdidos! Que absurdo! Mas versículos
14 e 15 dizem que Jesus “morreu por todos”.
A frase que segue, “os que vivem não vivam mais para si” mostra que
alguns são vivificados, ou tem vida eterna, e outros não. São os crentes que
não devem viver mais para si, mas para Cristo que morreu por eles. Isto não
nega, porém, que morreu também para os demais.
1 João 2:2 “E ele é a propiciação
pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o
mundo”. Quem está incluído nas palavras, “nossos pecados”? Suponhamos que sejam os
eleitos. Muito bem. Então, quem é indicado na seguinte frase, “mas também pelos
de todo o mundo”? A verdade é que o sacrifício de Jesus para nossos pecados foi
não somente para nós que cremos, mas para todos os pecadores. Sua morte é
suficiente para salvar qualquer um ou todos. Quando lemos esta passagem de João
com naturalidade, sem impor nela nossa interpretação própria ou nossa
presunção, entendemos que a propiciação (sacrifício satisfatório) foi feita
para todos os homens e não somente para os escolhidos. Simplesmente não dá
sentido dizer que Jesus morreu pelos pecados dos eleitos, e não somente por
eles, mas também pelos pecados do mundo dos eleitos! A verdade é que a
propiciação ou expiação foi feita para todos os homens. Somente quem crê será
salvo.
Isaias 53:6 “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos”. Este versículo não faz sentido se a palavra “todos” que descreve os desgarrados não for o mesmo “todos” para os quais o Senhor morreu. O Senhor Deus fez cair sobre Jesus Cristo, “o cordeiro que tira o pecado do mundo”, a iniqüidade de todos que andavam desgarrados como ovelhas. Se todos erraram, então Cristo morreu por eles. Se não morreu para os não eleitos, então estes não estavam desviados do caminho.
Isaias 53:6 “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos”. Este versículo não faz sentido se a palavra “todos” que descreve os desgarrados não for o mesmo “todos” para os quais o Senhor morreu. O Senhor Deus fez cair sobre Jesus Cristo, “o cordeiro que tira o pecado do mundo”, a iniqüidade de todos que andavam desgarrados como ovelhas. Se todos erraram, então Cristo morreu por eles. Se não morreu para os não eleitos, então estes não estavam desviados do caminho.
II Pe 2:1. Pedro disse que Cristo pagou o preço de redenção até para os
falsos ensinadores que o negam! “E
também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos
doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o
Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição”. Pedro
mostra claramente que o povo para o qual Jesus morreu realmente é perdido. Os
perdidos incluem falsos profetas, falsos doutores e hereges. São perdidos e
serão julgados porque negam “o Senhor que os resgatou”. A palavra “resgatou” é
a tradução do grego “agorazo” e é a mesma palavra usada em Mateus 13:44 e 46,
onde o homem comprou uma propriedade inteira para receber um grande tesouro!
Jesus morreu e comprou de volta tudo que foi perdido no jardim do Éden para
salvar os que crêem nele. Há distinção entre os pelos quais Jesus morreu
(todos) e os que serão salvos (os crentes). Portanto Jesus morreu pelos não
eleitos, até mesmo para os falsos doutores. Cada um leva a sua própria culpa.
João 3:17 “Porque Deus enviou o
seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse
salvo por ele”. João Calvino disse que
Deus não quer que os ímpios sejam excessivamente taxados com uma destruição
eterna porque Ele apontou seu Filho para ser o Salvador do mundo. A palavra “mundo” foi
repetida para que nenhum homem sinta excluído se tão somente cresse em Cristo. Deus
claramente fez provisão para todos os seres-humanos. Também há muitas passagens
que ensinam que o evangelho deve ser pregado a todas as criaturas,
universalmente. Como pode ser verdade se somente alguns têm a possibilidade de
serem salvos?
Considere o seguinte: Mt. 24:14 disse que o evangelho do reino será
pregado ao mundo inteiro como testemunho e depois virá o fim. Em Mt. 28:19-20
Jesus manda a igreja fazer discípulos em todas as nações, batizar os crentes e
ensinar a palavra. Ele mandou a igreja pregar o evangelho a toda criatura,
Marcos 16:15. Em At. 1:8 Jesus disse “Mas recebereis a virtude do Espírito
Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém
como em toda a Judéia e Samaria até aos confins da terra”.
Considerando tais passagens, é legítimo perguntar o seguinte: se Cristo
morreu somente pelos eleitos, como pode ser feita uma oferta de salvação para
todas as pessoas sem alguma insinceridade, artificialidade ou desonestidade
neste processo? Se Cristo não morreu por todos, não seria um
pouco impróprio oferecer a salvação a todos? Alguns irmãos, vendo este problema, chegam à
conclusão falsa de que não há oferta de salvação a todos! Dizem que não devemos
oferecer Cristo a ninguém ou fazer um apelo aos descrentes! Muitos dos nossos irmãos que pensam assim não
pedem a ninguém aceitar o evangelho por causa dos excessos emocionais dos
outros que pregam uma? Salvação fácil e barata? Alguns dos mais radicais crêem
que uma pessoa pode ser salva sem ouvir o evangelho! São coerentes, mas errados. O evangelho é o
poder de Deus para a salvação para quem crê no Senhor Jesus, não para quem sabe
defender cinco pontos teológicos inventados por um protestante!
A verdade é que quem crê que Jesus morreu só para os eleitos não pode
dizer a qualquer pecador, com verdadeira convicção e certeza, “Cristo morreu
por você”.
Como podemos colocar todos os versículos sobre este assunto juntos numa
maneira harmoniosa sem contradição? Alguns versículos parecem ser irreconciliáveis
com outros. Alguns dizem claramente que Cristo morreu por alguns, mas outros
mostram que morreu por todos! É lógico que se Jesus morreu por todos, morreu
também por “alguns”. Para a doutrina da
reconciliação parcial ser comprovada, tem que provar que Jesus morreu SOMENTE
por alguns. É verdade que Jesus morreu pelas ovelhas, isto é, por muitos (Mt.
26:28). Também morreu por sua igreja, mas isto NÃO nega o fato que morreu por
todos os outros crentes também. Não há problema em dizer que Ele morreu por um
grupo especificamente, mas cremos que há um problema em negar as claras
passagens que dizem que morreu por todos.
TODOS OS CRENTES FAZEM PARTE DA IGREJA?
At. 20:28 “Olhai, pois, por vós,
e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para
apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue”. Paulo disse que Deus resgatou sua igreja com
seu próprio sangue. Se usarmos a mesma lógica dos calvinistas, chegamos à
conclusão que Deus só resgatou a igreja e não a todos os crentes! Por esta razão muitos calvinistas acreditam
que a igreja se compõe de todos os crentes. Crêem que a igreja não é só do Novo
Testamento. Convenientemente acham que o crente não precisa ser batizado para
fazer parte da igreja! A igreja é feita de crentes batizados biblicamente e
unidos no propósito de obedecer a grande comissão de Cristo. Os crentes do
Velho Testamento não fazem parte da igreja neo-testamentária. Os crentes que
não andam de acordo com a palavra e que são excluídos da comunhão da sua igreja
local também não fazem parte. Os crentes que não são batizados não fazem parte.
Jesus morreu por sua igreja, mas não só por ela! Ela é um grupo distinto dos
outros na família de Deus. Jesus resgatou com seu sangue todos da sua igreja,
mas também todos os outros crentes verdadeiros. Da mesma maneira, posso dizer que a menção de
UM grupo pelo qual Jesus morreu não indica que não morresse pelos outros
também! O sofrimento e sacrifício de Jesus não pode ser limitado só para os que
vão aceitá-lo. Não há limite no seu imenso amor!
Ef. 5:25-27 “Vós, maridos, amai
vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por
ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para
a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa
semelhante, mas santa e irrepreensível”.
Cristo amou a igreja! O amor de
Cristo é limitado à igreja conforme a lógica calvinista.
Sem dúvida nenhuma, Jesus amou a igreja, e a resgatou com seu próprio
sangue, e a si mesmo se entregou por ela. Ele vai purificar a igreja e vai
apresentá-la a si mesmo totalmente glorificada e sem defeito. Devemos examinar
este assunto mais um pouco. Jesus morreu somente pela igreja? Ou será que
morreu por outros salvos que não fazem parte dela? Jesus morreu pelos crentes
do Velho Testamento? Eles fazem parte da igreja? Os crentes não batizados estão
na igreja? Ser salvo e ser membro da igreja é a mesma coisa? A pessoa excluída
da igreja perde a sua salvação? Estas
passagens dizem que Jesus resgatou a igreja com seu próprio sangue e se
entregou por ela. Este resgate foi parcial, ou inclui todos os eleitos? Ou será
que este resgate se refere à certa classe de pessoas incluídas no resgate de
Cristo? Se usarmos a lógica calvinista da primeira parte deste trabalho, isto
é, que Jesus morreu só pelo seu povo, só pelos seus amigos, só por muitos,
então temos que concluir que só morreu pela igreja também! Isto quer dizer que todos estes termos são
sinônimos. Todo o eleito faz parte do “seu povo”, dos “seus amigos”, dos “muitos”,
e “a igreja” também!
Se este for o caso, todos os eleitos, mais cedo ou mais tarde, serão
batizados de acordo com a Bíblia, e vão fazer parte da igreja que Jesus fundou
e deixou no mundo. Por esta razão muitos calvinistas deixam sua posição sobre a
igreja local e acabam aceitando a idéia da igreja invisível, feita de todos os
crentes. Eles aceitam a teoria de duas igrejas. Será que todos os crentes fazem
parte da igreja Neo-Testamentária? Se Cristo morreu pela igreja, temos que crer
que todos os eleitos fazem parte dela? Por
que não podemos crer que Ele morreu pela igreja, mas também por todos os salvos
fora dela? Por que não podemos crer que
Ele morreu por todos os salvos (eleitos), mas pelos outros perdidos também?
DEUS AMA TODOS OS HOMENS?
Incrível que pareça, há alguns que pregam abertamente que Deus não ama
sua própria criação. Jesus disse em João 3:16, “Porque Deus amou o mundo de tal
maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não
pereça, mas tenha a vida eterna” mas
muitos calvinistas dizem que este amor é limitado somente aos eleitos. Eu ouvi pessoalmente um pastor dizer numa
conferência dos “Batistas da Graça Soberana” que “Deus não ama todos os homens
mas odeia alguns”. Pregou que Deus, “não
odeia só o pecado mas odeia o pecador também”, e muitos dos ouvintes disseram, “Amém!” Muitos crêem assim mas não falam das suas
convicções por falta de coragem. Aceitam uma teologia em que um dos pontos principais
é a expiação limitada. Eles argumentam pela lógica assim: "Como pode Deus
amar os ímpios que estão debaixo da sua ira”? Vamos examinar este assunto
agora.
Sem dúvida nenhuma Deus é soberano. É o Senhor dos Exércitos. Ele faz o
que quer e ninguém tem direito de se opor. Ele é onisciente, onipresente,
sempiterno e onipotente, mas o maior atributo ou característico de Deus é o seu
amor. Em I João 4:8 lemos, “Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus
é amor”.
Quando o pecador é salvo, ele nasce do Espírito Santo de Deus. Ele nasce
de novo. É regenerado e se torna “participante da natureza divina”, 2 Pe 1:4. O
crente verdadeiro mostra o amor de Deus aos outros. Jesus disse que o crente é
reconhecido pelo amor que mostra aos outros. “Nisto todos conhecerão que sois
meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”, João 13:35.
Há vários tipos de amor, dependendo do relacionamento. Deus tem um amor
especial para os seus filhos. Eu amo minha família mais do que os outros, mas
amo os outros também. Amo meus amigos mais do que meus inimigos, mas amo estes
também. Há muitas passagens na Bíblia que ensinam que devemos amar uns aos
outros. O amor é a prova de um crente verdadeiro. Paulo disse em Ef. 2:4: “Mas
Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos
amou...”. Ro 13:8: “A ninguém devais coisa alguma, a não
ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu
a lei”. Ga 5:13: “Mas servi-vos uns aos
outros pelo amor”. 2Co 13:11: “E o Deus
de amor e de paz será convosco”. Deus ama seu povo.
João é chamado o Apóstolo do amor e escreveu estas passagens: 1Jo 4:7, “Amados,
amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido
de Deus e conhece a Deus”. 1 Jo 4:9, “Nisso se manifesta o amor de Deus para
conosco: que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por ele vivamos”.
1 Jo 4:16, “E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor; e
quem está em amor está em Deus, e Deus nele”.
1 Jo 4:20, “Se alguém diz: Eu amo
a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao
qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu”?
Estas passagens mostram o amor de Deus pelos seus filhos, mas será que
Deus não ama mais ninguém? Será que Ele somente ama os que são seus filhos?
Vamos lembrar o fato que o crente tem a natureza divina porque é uma nova
criatura e o amor de Deus está derramado no seu coração.
Se o Pai celestial é amor, seus filhos devem estar cheios de amor
também. Afinal, eles receberam sua natureza divina e o maior elemento desta
natureza é o amor. Em 2 Pe 1:7, somos admoestados a acrescentar à fé várias
virtudes que incluem não só a “caridade”
[agape em Grego], mas também o amor
fraternal. O crente tem amor especial pelo outro irmão em Cristo!
Mas será que Jesus ensinou a seus discípulos que Deus só ama os eleitos?
Devemos amar somente aqueles que nos amam? Os crentes devem amar só os eleitos?
Jesus disse em Mateus 5:43-46: ?Ouvistes que foi dito: Amarás o teu
próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos,
bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que
vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos
céus; Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça
sobre justos e injustos. Pois se amardes os que vos amam, que galardão tereis?
Não fazem os publicanos também o mesmo?”
Ora, se eu devo amar os meus
inimigos e perseguidores, é porque sou filho de Deus agora e devo demonstrar
esta característica da natureza divina. Amamos os inimigos porque somos filhos
de Deus! Deus ama os seus inimigos também, até aqueles que Ele sabe que nunca
vão aceitá-lo. Deus ama os não eleitos porque Deus é amor.
Paulo disse que Cristo, “estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo
pelos ímpios. Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que
pelo bom alguém ouse morrer. Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que
Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores”, Ro 5:6-8. Não devemos crer
que Deus só ama os que O amam! A propiciação foi feita pelos pecados dos filhos
de Deus, mas também para todos os homens.
1 João 2:2: “E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente
pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo”.
Todos os direitos pelo autor
Steve H. Montgomery
Novembro de 2006 – Pastor da Igreja Batista Independente de Ourinhos SP
Steve H. Montgomery
Novembro de 2006 – Pastor da Igreja Batista Independente de Ourinhos SP
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